sábado, 8 de janeiro de 2011

II Série da Coleção Versões em versos - É poesia na prosa

Cada um tem a sua história, seu ‘mundo’, mesmo vivendo no mesmo mundo. Mas e se pudéssemos sentir como é estar em um ‘mundo’ que não é o nosso, como seria essa experiência? Sentir o que o outro sentiu ou sente. Sensações que são possíveis quando adentramos neste universo das palavras. E por meio delas, mergulharemos em uma história que nos trará uma realidade ímpar. A experiência mudará nossos conceitos.
Esta série fará parte da Coleção Versões em versos.

Será composta de duas versões. Sendo esta apresentada a seguir mais estendida. Fragmentada.



Eu era apenas uma criança
(Versão segundo o filho)




A ingenuidade não me deixara perceber,
Afinal, eu era apenas uma criança.
Mais tarde, com mais idade, perceberia a fatalidade.


EXTRA! EXTRA!
[...]

Não, não se tratava de celebridade...

De heroi a bandido...
O que teria acontecido?
Meu mundo havia se perdido.
Nada, nada fazia sentido.

Aquele que fora meu herói... Hoje... [...].


O insano provocou a fatalidade,
Cercearam a liberdade.
Do momento insano deu-se o profano,
Mas o herói ainda era humano.


Cercearam a liberdade,
O que fizera?

Extra! Extra!
A notícia era esta:
“J.A.S, 36 anos, munido de arma de fogo, mata jovem e deixa outro ferido em briga de bar”. Jornal impresso – CE – 1999.

Também pudera...
Santo, Santo, você meu herói não era.

Era heroi, era bandido*.
Todavia continuava sendo querido.


Sim, eu era apenas uma criança.
Não havia compreendido.
O que teria acontecido?
De heroi passou a ser bandido.

Recordo-me que senti a sua ausência, mesmo que por pouco tempo (quando lhe privaram a liberdade), quando não me levou a escola, quando não chegava em casa do trabalho.

Recordo-me, com um pouco de esforço, que minha mãe, eu e meus irmãos acompanhamos meu pai quando ele decidiu se entregar...sim, meu pai direcionou-se a delegacia, mesmo estando alguns dias foragido percebera que não suportaria conviver com isso.

Meu heroi foi preso...

Era um lugar onde criança não deve estar.
Eu queria estar lá,
Naquela cela, pequena e escura,
Para o meu heroi abraçar.
Mas nunca me deixavam entrar.

*Hoje, com mais idade, compreendo a canção, “Pai, você foi meu Heroi, meu bandido...”.

Ele nunca deixou de ser Heroi...
[continua...]

Krislanio Alves

2 comentários:

Gabriela Marques de Omena disse...

Seus versos sempre me fazem refletir.
Fico agora imaginando como as crianças devem se comportar vendo seu pai segurar uma arma, seja para se defender ou para intimidar a polícia. E então ela se questiona: Papai heroi ou papai bandido?
O pai dele é sempre será um heroi para ele, mesmo que para nós seja um bandido.

É triste... É triste ver nosso heroi numa cela, e não poder abraçá-lo.


Obrigada por sua presença e seus versinhos sobre mim! Eu adorei. Não me escapa, viu? O colocarei no meu próximo post haha
Obrigada.

Ótimo fim de semana.
Imenso beijo

Fernanda Tavares disse...

muito bacana seu blog, parabéns!
volto mais vezes, adorei!