domingo, 24 de abril de 2011

Ainda estou aqui

Continuo aqui no mesmo lugar...
Esperando alguém que possa por mim passar...
E me fazer acreditar, que ainda há motivos pra caminhar...

Ainda estou aqui.

Até vejo pessoas passarem.
Mas também sem perspectivas.
Entretanto caminham...

Qual o sentido?
Caminham, mas não sabem para onde vão...
[Só deixam ser guiados pela voz do coração]
Meu coração está muito machucado
Por ele não posso ser guiado.

Eu não sei para onde ir...
Por isso estou aqui.
Não sei nem onde estou.

Sei que aqui é seguro.
Às vezes escuro.
Mas não tanto como o que poderia estar à frente.

Sim. Poderia.
Não conheço o caminho.

Alguém aí?
Alguém que me faça enxergar... Que me devolva à visão, que me faça escutar, que tal voz alcance o meu coração, que não me faça ter medo de caminhar...

ESTOU MAIS UMA VEZ MACHUCADO



É... Vou ficar por aqui.
Aqui me deixaram, aqui vou permanecer...

Meu coração está muito machucado
Por ele não posso ser guiado.


                                                                                                                                  Krislanio Alves

terça-feira, 12 de abril de 2011

Cativeiros ambulantes

Transportei-me para algum lugar...
Neste lugar quis permanecer.
Escondido.
Preso dentro de mim... Em algum lugar.
Saída até que há, mas quem disse que eu quero sair?
Tornei-me cativeiro e prendi a mim mesmo.
Medo?
Sim... Medo.
De quê?

Medo de não corresponder às expectativas de outrem... Aquilo que esperam de mim. O mundo quer mais de você, sempre mais, mais...;
Medo de não vir a ser aquilo que sonhei pra mim. Sonhos não são reais...;
Medo de caminhar e cair em meio ao vão. E lá permanecer... É fundo, escuro;
Medo de me apaixonar.
Medo de me decepcionar.
Medo de perder... Algumas perdas são sempre inevitáveis.
Medo de fracassar...
Medo...
Medo...

Prefiro me prender dentro de mim. Eu sou o cativeiro. Faço o lugar dentro de mim do meu jeito.
Não quero sair tenho medo... Estou preso a mim mesmo.

“E assim caminha a humanidade...”
Cativeiros ambulantes.


O sonho não é real... Fato, mas se caminharmos e desviarmos as valas, encontrarmos pessoas que acreditem na gente, que se permitam conhecer, o sonho torna-se real, porque haverá sempre alguém que sonhará conosco. Pessoas sempre vão passar por nós, algumas até permanecer, algumas tão apaixonáveis que serão sempre marcantes, pelo simples fato de serem o que são, apaixonáveis, não há decepção se compreendermos que ninguém é do jeito que queremos que sejam, que bom que não são.

                                                                                                                                                                                           Krislanio Alves


terça-feira, 5 de abril de 2011

Contra-dizer


Contradigo-me
Digo o que sinto.
Sinto, mas não digo o que sinto.
Não sinto, minto.
Omito o que sinto.
Eu sinto.

Digo
Desdigo.

Gosto e deixo de gostar.
Digo que não gosto.
Mas quem eu quero enganar?

Amo e deixo de amar.
Deixar de amar?
Impasse...
Querer-te ou afastar-me?
Por mim não passe...
Permaneça...
Mesmo que meu coração não te esqueça.
Deixa assim... Ficar assim...
Não te amo...

Só não sei o que dizer...
Se digo, contradigo-me.
Se sinto, não minto, mas não digo o que sinto.

Eu sinto...
Que meu mundo pára.
Que meu coração acelera.
Meus olhos seguem você.
Meus pensamentos se confundem...
A direção é você.

Sinto...
Mas não digo.

Já disse hoje o que sinto por você?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Deixa acontecer

Esta noite
Dormi pensando em você
Juro, eu tentei não me envolver...

Mas o que poderia eu fazer?
Meu coração não posso conter...

...Seria por medo de sofrer que não quero amar você?

Por dormir pensando em você...
Acabei sonhando com você.
Aqueles sonhos não pude conter...
Mesmo que acordasse ainda pensaria em você.

Não quero sofrer...
Todavia por medo de sofrer
Opto por tentar convencer
Este coração que insiste em te ter
De que não posso amar você...

Você...
Eu e você...
É um querer te ter.
Mas por medo de perder...
Prefiro te esquecer, impossível talvez.

Mas o que poderia eu fazer?
Meu coração , DEFINITIVAMENTE, não posso conter...

Relutar pra quê?
Devo, pois, deixar acontecer...

domingo, 30 de janeiro de 2011

Aquele Beijo...



Aquele beijo
Me deixou meio sem jeito...
Não... Não tem mais jeito...
O seu jeito...
Tornou seu beijo eleito...
O melhor de todos os beijos...

E me tornou sujeito afeito
A este beijo que não fora o primeiro de meus beijos
Porém fora único e tão perfeito...

Se pudesse algum feito...
Fazer-me provar este beijo...
Tiraria proveito...
Tornar-me-ia satisfeito.

Sentimento não guardaria no peito...
Afinal, seria apenas mais um beijo.
Todavia, no pensamento guardaria...
O melhor dos feitos...
O melhor de todos os beijos.

Mas se não tem jeito
Guardarei aquele único beijo...
Tão perfeito.

Krislanio Alves

domingo, 23 de janeiro de 2011

Coleção Versões em versos - Parte VIII



Onde a estrada vai nos levar?


O que virá?
O que virá?

“Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos...”



A estrada nos levara a Gurupi, Tocantins. Definitivamente, tudo novo.

Era nova casa.
Uma nova escola.
Novos amigos.
Novo...
Novo...

Mas o novo não agradava, não convencia, afinal não era fácil esquecer tudo que ficou pra trás.
Engraçado, meu herói fazia de tudo para que desta cidade passássemos a gostar. Mas no fundo nem ele mesmo gostava.


A inquietude
Não era virtude.
Logo aquelas terras voltou.
Aquele povo ele desafiou.
Parece até que esqueceu,
Que aquele povo daquela terra o expulsou.

Retornou às terras tocantinenses.
Mas logo sentiu saudade da sua gente.
E mais uma vez ao nordeste regressou.

Deixamos tudo pra trás, e lá deveria ficar. Mas como esquecer os parentes que lá deixamos? Os pais de minha mãe, seus irmãos, tinham permanecido naquela cidade. Voltar a morar não dava, mas pensávamos ser possível visitar... Era nossa gente.

Gente que como a gente entende o que se passa em nossa mente...

Em março de 2003
Meu herói quis voltar mais uma vez aquelas terras.
Ele não ia às escondidas.
Toda a cidade o via.


Aquele dia, daquele mês, daquele ano...

15 de março de 2003, 74º dia do ano no calendário Gregoriano, 75º em anos bissextos.

Existem dias que não são esquecidos...

15 de março de 1992 - Um terremoto mata 800 pessoas na Turquia.
15 de março de 2000 - Em uma sentença inédita, um júri de Nova York declara culpado de três acusações de estupro um homem não identificado baseado em seu DNA.
15 de março 2001 - Três explosões destroem a plataforma P-36 da Petrobrás na bacia de Campos. Dez pessoas morreram.
15 de março de 2003 – mataram o meu heroi (mataram o meu pai).

“Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá...”


Se eu soubesse onde essa estrada iria dar...
Eu seria o heroi.
Desses que salvam.

Aquela cidade que deixamos pra trás, ele, meu pai, insistiu em voltar (era só uma visita [mais uma], pra saudade matar, afinal, era lá o seu lugar, era filho daquelas terras. Naquelas terras agora iria descansar.
Pai, meu pai, porque foi voltar?
“E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...”

Krislanio Alves


sábado, 22 de janeiro de 2011

Coleção Versões em versos - Parte VII


Apenas mais uma recordação

O povo tornou-se opressivo.
Era hora de partir. (Aqui estamos)

Aquele instante agressivo o tornara fugitivo.
Era definitivo?
Será que um dia naquela terra eu vou voltar?
Permita meu Padim Ciço regressar...
Uma nova história?
Um recomeço...

Lembro-me de quando criança, naquela escola, aquelas professoras que ainda recordo-me de seus nomes... Ela, Graça, que me ensinara às primeiras letras. A outra, Gorete, que me ensinara à naturalidade dos números, tão reais... Não contém fração de unidades, tão complexos, racionais.

Lembro-me do primeiro caderno. Palavras tão mal escritas, borradas, afinal, estava ainda no processo de aprendizagem. A vida me fez perceber que aqueles que nos agraciam com o aprendizado nos ensinam alem das palavras, dos números, nos ensinam a viver. Fascinante. Quando naquele caderno erramos, logo, nos ensinam (motivam) a apagar e reescrever, refazer.


Se nos momentos de máxima expressão de dor as palavras forem suprimidas... voltemos a infância. Um pouco antes de aprendermos as primeiras palavras...

“Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...” [1]

Trata-se de RECOMEÇAR.

Uma nova história? Talvez.
Prefiro acreditar ainda em um novo capítulo.
Existe um enredo, uma susseção de acontecimentos.
É preciso desvencilhar-se desta zona de conflitos.

A dor extrema nos dá a liberdade de encerrar um capítulo e iniciar outro.



Se ao construirmos um novo capitulo nos dermos conta de que estamos perdidos e sozinhos é preciso seguir...

“Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...” [1]

Toda estrada nos leva a um lugar...
Se existe mais de uma direção
Siga o coração.
(Eu segui o meu heroi).

“E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...” [1]

O que virá?
As palavras estão se organizando... e contruindo este capitulo...
Enumeremos as páginas, mas não limitemos... quanto mais páginas mais teremos o que o contar. É a nossa história...

[1] Aquarela - Toquinho
Krislanio Alves