quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hoje tem marmelada? Tem não Senhor!


Naquela cidade tinha um circo,
Naquele circo tinha vários artistas,
Tinha Acrobatas,
Malabaristas,
Mágicos,
Contorcionistas,
Equilibristas,
Ilusionistas...

Base ou volante, doravante a acrobacia acontecia... Era Equilibrio, era tempo...
Lançar coisas para os ares só podia ser malabares.
A mágica do instante, que não obstante, acontecia.
Tudo fazia parte do circo que há tempos não se via.
Até havia contorcionista que surpreendia,
Quanto ao equilibrista, este não temia. Subia...Subia. Ir as alturas não era loucura.
Já o ilusionista aparecia e desaparecia, não cria no que via.
Mágica não, era só ilusão.

Naquele circo tinha também animais.
Tinha camelos,
Tinha elefantes,
Tinha leão.
Tinha muito mais...
Tigres,
Girafas.
Macacos, que faziam graça no palco.

Graça?
E os palhaços?

Quando chegou sua vez a graça se desfez.
Cadê?
Eu vim aqui por você.

O palhaço não mais sorria.
Nisto não cria.
O que acontecia?

A história de um palhaço:
Sou um palhaço, ou era um palhaço, desses que fazem as pessoas sorrirem. Se elas não estão bem, eu as faço sorrirem, mesmo que momentaneamente, mas é neste momento que elas esquecem aquilo que as magoam, entristecem.
Sou um palhaço, ou era um palhaço, desses que se emocionam por dentro, quando vê a platéia cair na gargalhada por causa dos gracejos, trejeitos. Sinal que a graça chegou à compreensão do adulto, ou ainda a incompreensão da criança, que sem muitas palavras, só com as trapalhadas já sorri.
Sou um palhaço, ou era um palhaço, desses com jeito engraçado, com trajes desproporcionados, mas que era feliz em ser palhaço. Riam de mim.
Eu era um palhaço.
Eu era um palhaço.

O palhaço deixou de ser palhaço,
Porque não mais sorri.
O palhaço deixou de ser palhaço
Porque não é mais engraçado.
Volta palhaço.

O drama do palhaço segundo o palhaço:
Eu fazia sorrir. Mas e quanto a mim? O palhaço que no palco era feliz porque fazia o público feliz, arquibancada sempre lotada, mas que se via sem o público quando no palco não estava. Fecharam-se as cortinas, o espetáculo deu-se por encerrado, mas e quanto a mim? Fora do palco não sou palhaço. Sem maquiagem e sem traje, sou apenas alguém, ou ninguém, que vive as misérias do mundo. Que vive neste mundo onde existem pessoas que nos matam aos poucos, que nos roubam aos poucos, levam-nos aos poucos, até que não sejamos mais nada. Roubaram-me a maquiagem e os trajes e me mataram quando levaram o meu sorriso, a minha graça. Já não sou palhaço.


Hoje tem marmelada? Tem não senhor.
Porque o palhaço deixou de ser palhaço.
Logo, naquela cidade não tinha circo.
Porque no circo não tinha palhaço.

Krislanio Alves

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