sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

II Série da Coleção Versões em Versos - Parte IV

Parte IV
Outras recordações eram preferíveis esquecer, ...


A vala...
(Segundo o filho)

Aquela vala em minha casa,
No cômodo que não trazia incômodo
Fora feita para abrigar.
Mas quem lá iria entrar?

Naquela vala escura, não muito funda, alguém iria se acomodar.

Aquela vala eu vi ser feita.
Um pouco estreita,
Todavia cabia,
O sujeito que lá entraria.

Por ser criança não entendia.
Naquela vala meu herói se esconderia,
Pode um herói se esconder?
Cadê o seu poder?

Herói...

Meu herói não tinha capa vermelha,
Nem vestes azuis.
Muito menos escudo, ou espada.
Não voava, não tinha asas.
Mas tinha poderes. Eu sei que tinha.
Que injustiça...
Não fazia parte da Liga.
Contudo era o meu herói.

Aquela vala eu vi ser escondida,
Com uma tábua pronta pra ser erguida.

A criança não entendia.
Mas jamais esqueceria o que via.

Outrora com mais idade,
Lembraria que naquela cidade,
Naquela casa,
Fora construída uma vala.

Não se tratava de um sujeito suspeito, oras, não havia crime perfeito, o que fora feito já o condenava.
Se necessário fosse naquela vala entrava, mas não teria novamente a sua liberdade cerceada.

Não. Não foi necessário se esconder.
Muita coisa ainda estava para acontecer.

[continua...]

Krislanio Alves

Um comentário:

Gabriela Marques de Omena disse...

Ele cometeu o crime e fugiu?
Pudera o garoto imaginar
que seu herói alguém ia matar?
E agora sentado no cofissionário
Olha pelas brechas o vigário
e lhe conta essa triste história
em versos perfeitos como nenhum visto outrora.


Seu talento é mais que visível, Kris! Parabéns e não pare de escrever.
Às vezes eu venho atrasada, mas faço questão de ler os versos que ainda não li.
E obrigada pelos versos que dedicou a mim no seu comentário em meu cantinho. Eu os adorei!
Obrigada por seu carinho.
Ótimo fim de semana.
Se sinta abraçado.