sábado, 15 de janeiro de 2011

II Série da Coleção Versões em versos. Parte V

Parte V

O povo quer Justiça...




Atitudes tendem a mudar o rumo de nossas histórias.
Há ainda quem acredite na força do destino. Estava escrito.

Prefiro acreditar que todas as minhas ações e até mesmo ações dos outros tendem a mudar radicalmente o rumo da história que a gente tece.


O fato se deu em 1999.
Após a discussão meu pai dirigiu-se até a nossa casa. Quanta ira. Voltou-se para minha mãe e logo pediu a sua arma, minha mãe desesperada, logo negou. Logo, também, percebeu a sua ira potencializar. O que ela podia fazer se não ceder? Ela escondia aquela arma, sabia dos riscos que corríamos com ela em casa, mas o meu pai parecia não saber.

“Muitas crianças morrem vitimadas por armas de fogo no Brasil”


Portando aquela arma, retornou ao bar...
Já está consumado...

Após o feito ligou pra minha mãe. “Eu matei... Agora eu preciso fugir.”

Definitivamente,
Este não era o meu herói...
O que teria acontecido?
Até hoje não tenho respostas.

No mato
Se escondeu
Veja o que aconteceu,
Correu, correu...
Mas sabe no que deu?
Cedeu...

Resolveu se entregar...
O tempo que ficou foragido percebeu o que tinha feito, afinal ele “não matou um passarinho, matou um homem”.
Passou dias escondido. E quando queria nos ver, logo chamava um amigo e no porta-malas do carro se escondia. Ia até a nossa casa. Passava alguns dias conosco.  Que situação triste. Eu vivi tudo isso.
Eu vi em minha casa um buraco ser feito e era lá que iria se esconder caso a policia aparecesse enquanto lá estivesse.
Era sofrimento.
Não tinha jeito. Não suportou. Se entregou.

11 dias, sim, o total de dias que esteve preso em uma cela pequena dividindo aquele pequeno espaço com mais sete pessoas.

Dias desesperadores...
Dias longos...
Passado esses dias, sentiu a liberdade.


Em outro momento saiu novamente o pedido de prisão preventiva.

O que fazer?
O jeito era se esconder.


Afinal,
Pra’quele lugar
Não queria voltar.

Às escondidas não permaneceu... Logo deu as caras. Voltou as suas atividades normais, mas nada era normal.Retornou ao trabalho a sua família. O que o dinheiro não faz, não é autoridades?

A justiça falhou, mas o homem não perdoou. Meses se passaram e o povo não esqueceu. E com faixas pela cidade não nos deixaram também esquecer. Faixas com desenhos em gotas de sangue: Queremos justiça!

QUEREMOS JUSTIÇA! QUEREMOS JUSTIÇA!


Justo seria se meu heroi respondesse pelo que fez... [...]

Aquela cidade,
Que da minha vida,
Fez parte,
Tivemos que abandonar,
Por causa da fatalidade.


Prefiro acreditar que todas as minhas ações e até mesmo ações dos outros tendem a mudar radicalmente o rumo da história que a gente tece.

[continua...]

Krislanio Alves



8 comentários:

Gabriela Marques de Omena disse...

O correto seria mesmo o heroi - não tão heroi assim - responder pelo o que fez.
E ele isso faria? Pobre do filho que a tudo isso assistia.
O pai na prisão durante 11 dias, a saudade, o medo que lhe ocorria. Tudo isso em seu peito doía.


Realmente, acredito que a vida muda totalmente quando a vida de outra pessoa tiramos. São as consequências.

Imenso beijo, Kris.

**Brunah Isabelle =) disse...

gosteei

Camila Mello disse...

Intenso.
Intenso demais.
Parte o coração.

Fala que é um conto?

Sucesso!
Beijos Camila.
http://camila-mello.blogspot.com/

Caju disse...

Muito bom, cara, bela narrativa!
A estrutura ajuda muito, além do texto a poesia visual é muito bem elaborada.
Parabéns!

Abraços!

juuuh disse...

Nossa. Muito bom de verdade
bjos

Anônimo disse...

Humano de menos?

Alexandre Rodrigues disse...

Sério, muito bom mesmo o seu texto!!!! Parabéns pelo blog. Abraço.

Planeta Humor disse...

olha mt bom bem criativo parabens


http://planetahuumor.blogspot.com/